Por: Riselda Morais
A escola é uma extensão do lar, onde é praticada a troca de aprendizados, onde quem ensina também aprende e quem aprende também ensina; onde as primeiras letras são grafadas e daí, abre-se um mundo de conhecimentos intelectuais, científicos, sociais e democráticos. Por fazer parte da geração em que se dizia “Bom dia”, “obrigada”, “por favor”, “desculpe-me”, assim entendo a escola.
Hoje, muito me entristeço quando vejo que a violência está cada vez mais presente nas escolas de todo o Brasil. Filha de professora, aprendi que a escola é uma instituição segura, onde vamos para aprender, onde professores e professoras devem ser respeitados e admirados; aprendi que devemos agradecer-lhes a generosidade de dedicar suas vidas a nos transmitir seus conhecimentos.
Lamentavelmente, os valores se perderam no tempo. A escola já não é mais um lugar seguro. As agressões que outrora se resumiam as agressões verbais, ao “bullying” tomaram formas físicas e os professores viraram alvos de alunos que cultivam no ambiente que deveria ser de troca, de aprendizado e de amizade, atos e ações de violência, comportamentos agressivos e antissociais.
A violência entrou nas escolas através de preconceitos, discriminações, vandalismo, agressões verbais e físicas a professores; facadas em professores; professoras estupradas; massacre; chacinas dentro de escolas; alunos mortos espancados por colegas; alunas em lutas corporais no chão; furtos em salas de aula; uso de drogas e de álcool no ambiente educacional; crianças que são tiradas de dentro do ambiente escolar e assassinadas por outra criança; balas perdidas que atingem e matam alunos dentro da escola; escolas fechadas por toque de recolher.
A escola é hoje, vítima da violência externa; do ambiente no qual estão inseridas; de instituições familiares falhas, que não conseguiram dar limites as suas crianças e não lhes ensinaram respeitar aqueles que lhes transmitem conhecimentos, sejam professores, pessoas idosas, pais, avós ou vizinhos.
A família é a base de tudo, em especial da educação. O papel primeiro de educar é de responsabilidade dos pais e a escola deve ser uma extensão do lar para educar as crianças, mas não é a única responsável por sua formação, a responsabilidade de educar é prioritariamente dos pais.
Quando o ambiente familiar é violento, cria crianças revoltadas, com problemas psicológicos e emocionais, sem os valores básicos para a vida em sociedade, o resultado é uma sociedade violenta, alunos violentos e instituições de ensino falhas no papel de bem educar.
Quando as políticas públicas também falham, quando não conseguem proporcionar condições adequadas para que a escola seja um centro de aprendizagem e conhecimentos, a escola torna-se um lugar de medo, para professores, funcionários, alunos e para os pais que deixam seus filhos na escola em confiança na segurança do ambiente escolar. Segurança esta que não deve ser oferecida por armas, mas por políticas públicas de qualidade, que resgatem o respeito mútuo dentro do ambiente escolar. O respeito mútuo deve existir entre alunos; entre alunos e professores; entre pais, alunos e professores; entre alunos, professores e funcionários, a começar pela merendeira, pelos zeladores (faxineiras, serventes), porteiros, orientadores, coordenadores, inspetores, diretores, enfim, por todos e para com todos independente de cor, raça, classe social ou religião.
O Brasil é hoje, um dos países mais violentos dentro do ambiente escolar. As mudanças precisam começar dentro de cada um de nós.
– Elimine em si, a violência disfarçada de brincadeiras de mal gosto, tenha consciência que ela é nociva e gera sofrimentos suportados em silêncio, que despertam o que há de mais negativo nos outros.
– Observe se a criança está com baixa autoestima e sem querer ir à escola, se tem marcas pelo corpo, se tem amiguinhos, como ela interage no interpessoal. Casos assim, precisam que os pais e a escola trabalhem juntos busquem formas de ajudar a criança e tirá-la do círculo de violência.
– Cultive a cultura da paz, dentro de casa, na escola e na sociedade.
