Oncologista alerta para problemas do consumo do cigarro, principal fator de risco do câncer de pulmão
De acordo com últimos dados da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, a taxa de jovens entre 18 e 24 anos fumantes saltou de 7,4% em 2016, para 8,5% em 2017. Apesar do crescimento de pouco mais de um dígito, o número alcançou a taxa registrada há seis anos nessa faixa etária e preocupa os médicos, afinal, adquirir o vício ainda na juventude aumenta o tempo de exposição do organismo ao cigarro e com isso, cresce também o risco de o fumante desenvolver câncer de pulmão, o segundo tipo mais frequente em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma), de acordo com INCA (Instituto Nacional do Câncer.
Para conscientizar a população, a OMS (Organização Mundial da Saúde), instituiu a data de 31 de maio como Dia Mundial Sem Tabaco, que este ano tem como tema “Saúde, Tabaco e Pulmão”, visando alertar sobre o impacto negativo do tabaco, principalmente o cigarro industrial, por ser o tipo mais consumido no mundo. De acordo com a OMS, 24 milhões de adolescentes entre 13 e 15 anos no mundo fumam cigarro. No Brasil, 10% da população é fumante e estima-se que 100 mil sejam adolescentes.
Segundo o Dr. Carlos Teixeira, oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, oito a cada 10 pacientes com câncer de pulmão já fumaram ou fumam. “O cigarro é o principal fator de risco para desenvolvimento da doença. Por isso, é importante focar na prevenção da população. Quanto antes a pessoa parar de fumar melhor”.
O médico ainda aponta que leva de 25 a 30 anos, para uma pessoa que parou de fumar voltar a ter risco de desenvolver câncer de pulmão igual ao de um indivíduo que nunca fumou. “Quanto mais cedo a pessoa tiver contato com tabaco, maior o risco”.
O uso do narguilé, cada vez mais popular entre os jovens, veem preocupando especialistas, que afirmam que além dos impactos à saúde, pode ser o gatilho de acesso ao consumo do cigarro industrial. “O Brasil é referência no combate ao tabaco, por conta da Lei Antifumo, que entrou em vigor em diversos estados em 2009, e em todo o país em 2011. Porém, os adolescentes de hoje não foram 100% impactados pela campanha antitabagismo, pois eram ainda mais jovens na época da disseminação da campanha”, esclarece Teixeira.
Prevenção Secundária
Sociedades médicas ao redor do mundo vêm discutindo a implementação da realização periódica de exames de tomografia dos pulmões em fumantes e ex-fumantes. O proposto é realizar o exame com baixa dosagem radiativa uma vez por ano, ou a cada dois anos, e a periodicidade vai depender do tempo de exposição do organismo ao tabaco e os fatores de riscos associados.
“Estabelecer a realização de exames periódicos em fumantes e ex-fumantes é uma forma de garantir o diagnóstico precoce de nódulos, algo semelhante ao que já é feito com a mamografia para prevenir e diagnosticar precocemente câncer de mama nas mulheres. Além disso, no exame de rastreamento, a dose de radiação é muito menor do que a utilizada em tomografias de rotina em outras indicações, o que torna o exame bastante seguro. “, explica o médico do Centro Especializado em Oncologia.
Essa discussão ganhou força depois que estudos internacionais comprovaram que a tomografia para detecção da doença em fase inicial diminui a mortalidade de pacientes. Um deles, o estudo holandês-belga, chamado NELSON, apresentado na IASLC – World Conference on Lung Cancer 2018, mostrou que, em 10 anos de acompanhamento de 15.792 indivíduos, o rastreamento anual do câncer de pulmão com tomografia computadorizada de baixa dose de radiação, em pacientes de alto risco, reduziu as mortes por conta da doença em 26% nos homens e até 61% nas mulheres.
“O ideal é que as pessoas não fumem ou parem de fumar diminuindo os riscos de desenvolver diversas doenças, entre elas o câncer de pulmão. Os estudos de rastreamento favorecem a detecção precoce de nódulos em pacientes considerados de risco elevado. A tomografia vem se mostrando uma aliada ao diagnóstico precoce, permitindo aumentar as chances de cura do câncer”, esclarece Dr. Carlos Teixeira.
Apesar do cigarro estar relacionado a 85% dos casos de câncer de pulmão, também é um dos principais fatores de risco do câncer de bexiga, esôfago, cabeça e pescoço (que inclui cavidade oral e faringe) e pâncreas.
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