Manifesto em Defesa da Democracia: Leitura da Carta as brasileiras e aos brasileiros em SP

Democracia

45 anos depois, brasileiras e brasileiros se unem em uma mesma corrente em Defesa da Democracia

  Nesta quinta-feira, 11 de agosto de 2022, às 10h00m,  cidadãs e cidadãos brasileiros se uniram mais uma vez, em corrente pela Democracia, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, para leitura da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa ao Estado Democrático de Direito”.

 

Professor Goffredo da Silva Telles Junior lendo a Carta aos Brasileiros em 1977. Foto: Reprodução

    A Carta que reuniu até o início da leitura, 964.374 adesões de profissionais de diversas áreas e de mais de 107 entidades foi inspirada na histórica Carta aos Brasileiros escrita pelo Professor Goffredo da Silva Telles Junior, lida em 8 de agosto de 1977, em Repúdio a Ditadura Militar na Faculdade de Direito da USP.

“Fiquemos apenas com o essencial. O que queremos é ordem. Somos contrários a qualquer tipo de subversão. Mas a ordem que queremos é a ordem do Estado de Direito. A consciência jurídica do Brasil quer uma cousa só: o Estado de Direito, já!; diz Goffredo Telles Júnior

Leia na íntegra a Carta 2022: 

Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!

    Em agosto de 1977, em meio às comemorações do sesquicentenário de fundação dos cursos jurídicos no país, o professor Goffredo da Silva Telles Junior, mestre de todos nós, no território livre do Largo de São Francisco, leu a Carta aos Brasileiros, na qual denunciava a ilegitimidade do então governo militar e o estado de exceção em que vivíamos. Conclamava também o restabelecimento do estado de direito e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.   A semente plantada rendeu frutos. O Brasil superou a ditadura militar. A Assembleia Nacional Constituinte resgatou a legitimidade de nossas instituições, restabelecendo o estado democrático de direito com a prevalência do respeito aos direitos fundamentais.

   Temos os poderes da República, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, todos independentes, autônomos e com o compromisso de respeitar e zelar pela observância do pacto maior, a Constituição Federal.

  Sob o manto da Constituição Federal de 1988, prestes a completar seu 34º aniversário, passamos por eleições livres e periódicas, nas quais o debate político sobre os projetos para o país sempre foi democrático, cabendo a decisão final à soberania popular.

   A lição de Goffredo está estampada em nossa Constituição “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

   Nossas eleições com o processo eletrônico de apuração têm servido de exemplo no mundo. Tivemos várias alternâncias de poder com respeito aos resultados das urnas e transição republicana de governo. As urnas eletrônicas revelaram-se seguras e confiáveis, assim como a Justiça Eleitoral.

   Nossa democracia cresceu e amadureceu, mas muito ainda há de ser feito. Vivemos em país de profundas desigualdades sociais, com carências em serviços públicos essenciais, como saúde, educação, habitação e segurança pública. Temos muito a caminhar no desenvolvimento das nossas potencialidades econômicas de forma sustentável. O Estado apresenta-se ineficiente diante dos seus inúmeros desafios. Pleitos por maior respeito e igualdade de condições em matéria de raça, gênero e orientação sexual ainda estão longe de ser atendidos com a devida plenitude.

   Nos próximos dias, em meio a estes desafios, teremos o início da campanha eleitoral para a renovação dos mandatos dos legislativos e executivos estaduais e federais. Neste momento, deveríamos ter o ápice da democracia com a disputa entre os vários projetos políticos visando convencer o eleitorado da melhor proposta para os rumos do país nos próximos anos.

   Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições.

   Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional.

  Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão.

  Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática.

  Imbuídos do espírito cívico que lastreou a Carta aos Brasileiros de 1977 e reunidos no mesmo território livre do Largo de São Francisco, independentemente da preferência eleitoral ou partidária de cada um, clamamos às brasileiras e brasileiros a ficarem alertas na defesa da democracia e do respeito ao resultado das eleições.

  No Brasil atual não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições.

  Em vigília cívica contra as tentativas de rupturas, bradamos de forma uníssona:

Estado Democrático de Direito Sempre!!!!

Assista ao Manifesto em Defesa da Democracia e da Justiça

Compôs a mesa o Professor Dr. Carlos Gilberto Carlotti Junior, Reitor da USP; Prof. Drª Maria Arminda do Nascimento Arruda, Vice-Reitora da USP; Prof. Dr. Campilongo, Diretor da Faculdade de Direito e Profª. Drª. Ana Elisa Liberatore Silva Bechara, Vice-Diretora da Faculdade de Direito.

Para aderir ao manifesto 2022 vá ao site oficial estadodedireitosempre.com

 

By Riselda Morais

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