Socesp indica como reduzir mortes de mulheres por doenças cardíacas

Sintomas mais sutis do que nos homens levam as mulheres a demorarem mais para procurar socorro médico, aumentando o risco de morte por doenças cardiovasculares,
alerta a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).

     Considerando que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade feminina no Brasil, é premente, ante os primeiros sintomas, agilizar o socorro médico e prover tratamento imediato. Neste aspecto, porém, há um sério problema: as mulheres nem sempre têm sintomas tão acentuados quanto os homens, como fortes dores no peito. “Muitas vezes, os sinais são mais sutis, como náusea e dor no pescoço e nas costas ou na mandíbula. Isso pode gerar confusão no diagnóstico ou até demora na busca por atendimento, aumentando muito o risco de óbito”, explica o médico José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp.

    Por isso, a entidade alerta para a importância de as mulheres procurarem socorro médico rapidamente caso sintam alguns dos sintomas, pois essa providência reduz de modo significativo o índice de mortes por doenças cardiovasculares. Embora os problemas cardíacos sejam mais recorrentes em homens, a probabilidade de uma mulher morrer ao ter um infarto é 50% maior do que quando o mal ocorre em um homem. Dentre as brasileiras, uma em cada cinco adultas está em risco de desenvolver doenças cardiovasculares, segundo levantamento do Hospital do Coração (HCor).

Projeto infarto

    Visando reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares, não só de mulheres, mas de todos os pacientes atendidos em prontos-socorros e áreas de emergência de unidades de saúde, a Socesp realiza o Projeto Infarto. Em sua primeira etapa, concluída no final de 2018, houve a participação de mil médicos, em Osasco e municípios da Baixada Santista e Região do Alto Tietê, totalizando 18 cidades.

     Os clínicos são treinados pela entidade para reconhecer situações de emergência cardíaca já no primeiro atendimento. São reforçados, também, os procedimentos que devem ser adotados nos casos em que o mal é identificado. “Os resultados foram muito positivos, com redução de 29,8% a 44,6% da mortalidade por infarto nas unidades nas quais o programa foi realizado”, salienta o presidente da Socesp, evidenciando a relevância do rápido atendimento a partir dos primeiros sintomas.

    Outra frente de atuação da entidade voltada à redução da mortalidade é o treinamento em massa periódico, de estudantes e da população em geral, para a realização de massagem torácica em pessoas com parada cardiorrespiratória. Esta providência também salva vidas.

Causas e prevenção

    Os fatores de risco cardíaco são os mesmos para mulheres e homens, ou seja, predisposição genética, sedentarismo, obesidade, colesterol e triglicérides elevados, pressão alta, diabetes, tabagismo, consumo inadequado de álcool e estresse. No entanto, a população feminina agrega uma causa a mais a partir do climatério e da menopausa, fases nas quais diminui paulatinamente o hormônio estrógeno, que tem função vasodilatadora, protegendo as veias e artérias de entupimento.

    A prevenção é fundamental e começa com a mudança dos hábitos rotineiros, como alimentação saudável, peso adequado, parar de fumar, beber com moderação e praticar atividade física regularmente, sempre com orientação médica. Fazer um check-up anual com o cardiologista e o ginecologista também é medida importante para a saúde, o bem-estar e o coração da mulher.

“Ou seja, prevenir é uma atitude importante das mulheres”, enfatiza Dr. Saraiva, lembrando que, segundo dados do DataSUS, referentes ao período 1996-2016, os óbitos femininos por problemas cardíacos no País foram cerca de 20% mais numerosos do que os causados pelo câncer de mama”. E mais: de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 8,5 milhões de mulheres morrem, anualmente, em todo o mundo, em decorrência de problemas no coração.

 

 

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