Pesquisa aponta que 43% dos paulistanos com câncer de pulmão abandonam o trabalho

Ilustração reproduzida

Complicações físicas e emocionais causadas pela doença são as responsáveis por impossibilitá-las de exercer sua função

      O câncer de pulmão é um dos mais incidentes na população brasileira e, em 2018, teve 31 mil novos casos diagnosticados. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, com apoio do Instituto Lado a Lado, os pacientes paulistanos ocupam a segunda posição brasileira no abandono de seus postos de trabalho. Cerca de 43% deles deixaram seus cargos em decorrência das complicações causadas pela doença, sejam físicas ou emocionais, ficando atrás apenas do Distrito Federal com 44%1;3.

A desinformação entre os pacientes preocupa. Com média de idade de 57 anos na data do diagnóstico, 36% dos pacientes de São Paulo não sabem em qual estágio a doença foi descoberta e cerca de 15% dos pacientes paulistanos só obtiveram o diagnóstico depois de um ano com a doença. Estima-se que, mesmo que com 68% dos diagnosticados de São Paulo contem com o apoio da família, 62% alega ter enfrentado momentos de tristeza profunda, medo da morte, perda de esperança ou quadros depressivos. Nos aspectos físicos, respiração ofegante é o principal sintoma, seguido por cansaço ou fraqueza e tosse persistente¹. Além disso, a minoria conhece tratamentos inovadores, como a terapia-alvo e imunoterapia, somente 9% e 24%, respectivamente.

Câncer de pulmão e o tabagismo

    O câncer de pulmão está entre as doenças mais graves causadas pelo cigarro, porém ele também pode causar tumores na boca, laringe, faringe, estômago, pâncreas, rim, colo de útero e bexiga. “A melhor maneira de controlar as doenças e os impactos negativos à saúde causados pelo cigarro é parar de fumar”, afirma Dr. Fernando Santini, oncologista e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.

   Apesar de não ser o único fator de risco – já que a exposição à poluição do ar ou agentes químicos, inalação de poeira e fatores genéticos sejam fortes causadores -, o tabagismo é o principal causador do câncer de pulmão. O fato é reconhecido por 74% da população do sudeste e 70% dos pacientes do São Paulo. Além disso, 91% da população paulistana entende que o fumante passivo também é prejudicado¹.

     Apesar dessas constatações, estima-se que cerca de 16 milhões de pessoas do Sudeste ainda são fumantes e 24 milhões moram com alguém que possui hábitos tabagistas.1 Assim, tornando ainda maior a população que está mais suscetível a desenvolver câncer de pulmão.

A importância da conscientização

    Para Marlene Oliveira, presidente e fundadora do Instituto Lado a Lado pela Vida, o desconhecimento ainda é uma barreira na descoberta e consequente cura do câncer de pulmão. “A maioria da população não está familiarizada com o assunto e, por isso, não é capaz de reconhecer os sintomas – que são muito sutis. Por isso, as pessoas não se preocupam em realizar exames periódicos para detecção da doença, que age silenciosamente e pode ser fatal”, diz ela.

Destaques:

  • 44% da população do Sudeste se considera bem informada a respeito do câncer de pulmão e 68% acredita que é fácil descobrir a doença ainda no início – o que contradiz a realidade, sendo que apenas um terço dos casos é diagnosticado no 1º estágio
  • A quimioterapia é o tratamento mais conhecido entre os pacientes de São Paulo com 98% de identificação, seguido pela radioterapia com 84%. Eles estão sendo ou foram utilizados por 72% e 42% dos pacientes, respectivamente.
  • 20% das pessoas do Sudeste, cerca de cerca de 16 milhões de pessoas, declaram ter ou já ter tido um parente com câncer de pulmão.
  • 49% dos pacientes de São Paulo foram diagnosticados por oncologistas, 15% por pneumologistas, 12% por cirurgiões torácicos e 4% por clínicos gerais.
  • Em São Paulo, o maior índice de diagnósticos está na faixa etária de 51 a 60 anos, que corresponde a 34%. Seguido por 61 e 70 anos, com 25% dos diagnósticos. A menor taxa é após os 81 com 2%.
  • 91% da população do Sudeste defende que o tabagismo é o principal fator causador da doença, e 70% dos pacientes de São Paulo estão de acordo com essa afirmação. Além disso, 94% da população da região concorda que fumantes passivos também podem ser afetados.
  • O Sudeste conta com 16 milhões de fumantes e 24 milhões de pessoas moram com alguém que possui hábitos tabagistas.
  • Na capital paulista, os médicos são a principal fonte de informação (59%), seguidos pela internet (26%). O INCA é a principal fonte para apenas 2%.
  • 11% dos pacientes brasileiros alegam não se informar a respeito da doença.
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