Dra. Brianna Nicoletti explica urticária e brotoejas, o que é, qual a diferença entre elas e as alergias, como tratar e amenizar sintomas
O aparecimento de lesões na pele que coçam e incomodam bastante é o que melhor caracteriza a urticária. De 20% a 25% da população apresenta um episódio de urticária em algum momento da vida e a prevalência de urticária crônica na população chega a 5%.
“Essas lesões têm aparência de manchas avermelhadas, algumas com relevo e que podem se juntar formando placas, que têm duração fugaz e localização variável”, explica a alergista e imunologista Dra. Brianna Nicolletti, formada pela Universidade de São Paulo (USP)
A médica explica que, em alguns casos, podem surgir inchaços em locais do corpo como: pálpebras, face, lábios, genitália, entre outros. Esses inchaços são chamados de angioedemas.
As causas mais comuns da sua versão aguda são medicamentos, alimentos, picadas de insetos e infecções (principalmente causadas por vírus). Já a urticária crônica não tem um fator desencadeante específico porque aparece em um momento de desequilíbrio imune, associado a processos inflamatórios, que podem durar de meses a anos para serem curados.
“A versão crônica da urticária não é exatamente provocada por uma alergia, mas por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta situação, aparecem lesões avermelhadas e placas, com muita coceira em todo corpo por mais de seis semanas. Não é grave, no sentido do risco de vida, porém tem grande impacto na qualidade de vida do paciente”, indica Dra. Brianna.
Brotoeja e urticária são a mesma coisa?
Urticária e brotoeja são irritações diferentes. Enquanto a primeira surge a partir de agentes externos, a brotoeja — nome popular da miliária — é uma dermatite inflamatória causada pela obstrução mecânica diante da eliminação do suor pelas glândulas sudoríparas.
Essa obstrução bloqueia o ducto excretor (glândula que passa pela derme, epiderme e termina nos poros da superfície da pele) e impede a saída do suor do corpo. Como consequência, surge uma irritação, em geral, no tronco, axilas, pescoço e dobras da pele, em forma de um grosseiro com pequenas bolhas de água (vesículas).
“A aparência dessas lesões varia. Ambientes quentes e úmidos, excesso de roupas e agasalhos, e algumas situações de febre favorecem seu aparecimento. Ou seja, não tem nada relacionado com alergia a coisa alguma, mas, sim, com o tipo de pele do paciente e ao calor excessivo, sendo, por isso, muito comum no verão e em crianças”, explica a alergista.
Causas mais comuns
Na infância, os agentes causadores de urticária são:
* Alimentos (nas crianças pequenas: leite de vaca, ovo, soja, amendoim e trigo. Nas maiores: frutos do mar, nozes e castanhas);
* Medicamentos (em especial: analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos);
* Infecções (causadas por vírus ou bactérias).
“Em crianças pequenas, é mais comum a urticária aguda, enquanto a crônica é mais prevalente a partir da idade escolar. Já a urticária crônica é mais frequente em adultos, sendo pouco comum na infância. No entanto, quando ocorre, pode comprometer a qualidade de vida, afetando a relação com o meio social, acarretando falta às aulas e prejuízo no aprendizado e aos pais ao deixarem de trabalhar”, informa a médica.
No verão, situações de irritação da pele ocorrem por causa de:
* Sol em excesso;
* Uso excessivo de produtos químicos, como protetores solares, bronzeadores ou repelentes, mais aplicados nesta época;
*Os banhos mais frequentes com sabonetes que ressecam e danificam a barreira natural da pele;
* As altas temperaturas aumentam a transpiração e podem contribuir com a formação das famosas brotoejas.
Sintomas: como amenizar e tratar
Dra. Brianna sugere algumas ações para aliviar os quadros de irritação da pele:
* Ter uma rotina de hidratação da pele. Isso envolve beber água e usar produtos específicos adequados para seu tipo de pele;
* Manter a casa ventilada e limpa;
* Evitar excesso de irritantes na pele;
* Evitar banhos quentes e sabonetes abrasivos para a pele;
* Em caso de suspeita de alergia de pele, investigar para tentar identificar a causa.
“É importante tomar banhos mais frios, usar sabonetes neutros e roupas frescas como linho e algodão. Acalmar o sistema imunológico e diminuir processo inflamatório com doses altas de antialérgicos. E, no caso da urticária colinérgica citada acima, diminuir o calor corporal com banhos frios e roupas leves”, resume Dra. Brianna.
Dra. Brianna Nicoletti
- Médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2003)
- Residência médica em Medicina Interna pela Universidade Estadual de Campinas (2006)
- Residência médica em Alergia e Imunologia Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2009)
- Associada à Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia
- Médica Especialista em Alergia e Imunologia do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (desde 2013)
- Integrante da equipe de Qualidade da UnitedHealth Group (desde 2011)