Detecção precoce do câncer de pele

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Com a recomendação de isolamento social, só devemos buscar atendimento médico presencial em casos realmente importantes. Por isso, não devemos descuidar do autoexame da pele, pois ele permite detectar precocemente o melanoma e aumentar as chances de cura

           A detecção precoce da doença aumenta muito as chances de cura.  Nesse sentido, devemos estar atentos ao maior órgão do nosso corpo: a pele.   

     Recentemente, Marília Gabriela descobriu um câncer de pele no nariz e teve de retirar o carcinoma basocelular com cirurgia. A apresentadora confundiu o problema com uma espinha.

    A OMS (organização mundial da saúde) estima que 55 mil pessoas morrem por melanoma todos os anos, o que representa seis mortes por hora.

     Segundo o Ministério da Saúde, o melanoma (tipo de câncer de pele com o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade) representa 30% de todos os tumores malignos registrados no Brasil. É por isso que você deve ficar atento aos sinais que aparecem no seu corpo.

     Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença, segundo a SBD. “Por isso, a realização do autoexame dermatológico é extremamente necessária”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

Lesões preocupantes

    Antes de fazer o autoexame, é necessário tomar conhecimento do que você deve ficar atento.

   De acordo com o cirurgião plástico Dr. Mário Farinazzo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), as pintas são pequenas manchas marrons regulares na pele, salientes ou não.

    “De forma geral, a maioria das pintas possui um formato regular. Mas existem as pintas atípicas (ou nevos displásicos), não usuais que podem parecer um melanoma. As lesões são maiores, irregulares no formato e possui vários tons”, afirma o médico.

     De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, pesquisas afirmam que pessoas com dez ou mais nevos displásicos possuem 12 vezes mais chance de desenvolver o melanoma, tipo mais agressivo de câncer da pele.

    Para saber se uma lesão é mais preocupante, normalmente é usada a regra do ABCD (área, borda, cor e diâmetro) sobre pintas com pigmentação.

“Dividimos a lesão em quatro partes iguais e comparamos os quadrantes observando a simetria, avaliamos as bordas identificando irregularidade na forma de desenhos circinados, observamos a presença ou não de várias cores compondo esta figura e observamos se apresenta diâmetro acima de 6 mm”, comenta Dra. Claudia.

   Quanto aos sinais clínicos, qualquer lesão que coce, doa ou sangre e que aumente de tamanho com rapidez ou apresente sensibilidade, precisa ser examinada por um dermatologista, que fará então uma dermatoscopia manual ou de preferência digital avaliando a necessidade da retirada cirúrgica. Nesse momento de isolamento social, a telemedicina pode ajudar: “O médico pode fazer uma pré-avaliação da “pinta” em questão e fazer perguntas para poder decidir se a consulta deve se tornar presencial a fim de se realizar a dermatoscopia da lesão”, explica a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. “Lembre-se que as fotos podem ajudar. O ideal é tirar várias fotos: de longe (para termos ideia da localização), de perto e ampliada (focada). Se for uma pinta suspeita, é necessário então fazer um exame de dermatoscopia presencial”, completa a Dra. Paola.

Como fazer o autoexame

    O autoexame deve ser realizado por todos, mas principalmente nas pessoas de pele clara, aquelas que possuem antecedentes familiares de câncer de pele, têm mais de 50 pintas, tomaram muito sol antes dos trinta anos e sofreram queimaduras. Quem tem lesões em áreas de atrito, como área da peça íntima, soutien e área do couro cabeludo, também deve seguir as instruções.

  “É necessário examinar todos os lugares do nosso corpo: palmas das mãos, sola dos pés, dorso, couro cabeludo, unhas, tudo! Se precisar, peça ajuda para alguém olhar as suas costas. Caso não tenha a quem pedir, use o espelho”, destaca a Dra. Paola. A indicação também vale para as pessoas que apresentam muitas sardas e manchas por exposição solar anterior, já retiraram pintas com diagnóstico de atípicas, não se bronzeiam ao sol, e consequentemente acabam adquirindo a cor vermelha com facilidade e apresentam qualquer lesão que esteja se modificando. “Podemos realizar este procedimento com certa regularidade, uma vez por mês, na frente do espelho e de preferência com luz natural, para verificar o surgimento de alguma mancha, relevo ou ferida que não cicatriza”, indica a Dra. Claudia Marçal.

As dicas para o autoexame são:

  • Examine seu rosto, principalmente o nariz, lábios, boca e orelhas.
  • Para facilitar o exame do couro cabeludo, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se houver necessidade, peça ajuda a alguém.
  • Preste atenção nas mãos, também entre os dedos.
  • Levante os braços, para olhar as axilas, antebraços, cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho de alta qualidade.
  • Foque no pescoço, peito e tórax. As mulheres também devem levantar os seios para prestar atenção aos sinais onde fica o soutien. Olhe também a nuca e por trás das orelhas.
  • De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção os ombros, as costas, nádegas e pernas.
  • Sentada (o), olhe a parte interna das coxas, bem como a área genital.
  • Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos, bem como a sola dos pés.

           Segundo o cirurgião plástico Dr. Mário, um adulto jovem possui entre 10 e 20 pintas, elevadas ou não, com formato simétrico, borda regular, cor uniforme e diâmetro menor que 6mm.

   “As pintas concentram-se mais nas áreas expostas ao sol. Pacientes de pele clara, com familiares que já tiveram câncer de pele e que tenham mais de 50 pintas devem atentar-se ainda mais aos sinais”, diz o médico. “Além disso, pintas que surgem próximas a tatuagens ou na palma da mão e sola do pé são mais preocupantes e geralmente devem ser retiradas”, explica o Dr. Mário.

    A Dra. Claudia enfatiza que este tipo de cuidado de rotina, principalmente para quem tem a pele muito clara e com muitas pintas, promove consciência e aguça o olhar sobre as lesões, aumentando a percepção de mudança ou seu crescimento.

   O passo seguinte, ou mesmo em caso de dúvida, é consultar o dermatologista por telemedicina e, havendo necessidade, visitar o dermatologista.

Causas e prevenção

   De acordo com a dermatologista Dra. Claudia Marçal, embora a principal causa do melanoma seja genética, a exposição solar também influencia no aparecimento da doença — principalmente com os elevados índices de radiação que atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos, onde ocorre exposição à radiação UVA/UVB E IR (infravermelho).

  “O filtro solar deve ser usado diariamente independentemente da estação do ano e se está num dia nublado, chuvoso ou encoberto; a radiação UV mesmo em um dia 100% encoberto, ela só é barrada em 30% e 70% dessa radiação passa”, alerta a dermatologista.

    Mesmo em casa, o filtro deve ser usado, pois os raios podem ultrapassar vidros e janelas. Esta fotoexposição, ao longo dos anos, pode gerar lesões novas ou modificar aquelas que já existiam previamente na pele de qualquer pessoa.

   Com uma exposição solar frequente, seja por lazer ou ocupacional, muitas vezes, as pessoas não percebem a medida da exposição ao sol silencioso no trabalho de campo, no dirigir ou andar na rua.

Além de prevenir o surgimento do melanona, o autoexame, por ser uma avaliação em que o paciente começa a detectar precocemente lesões que apresentam sinais e sintomas diferentes dos habituais ou que estão crescendo, proporciona ao dermatologista decidir sobre o tratamento terapêutico em questão com chances maiores de cura.

   “Outra lesão que hoje é bastante comum, principalmente após a quinta e sexta década de vida são os carcinomas, tanto provenientes da camada basal, como da camada espinhosa da epiderme, que quando diagnosticados também com rapidez trazem 100% de cura ao paciente”, finaliza a dermatologista Dra. Claudia.

Fontes:

*DRA. CLAUDIA MARÇAL – É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. 

*DRA. PAOLA POMERANTZEFF – Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. 

*DR. MÁRIO FARINAZZO – Cirurgião plástico, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e Chefe do Setor de Rinologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Formado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o médico é especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Professor de Trauma da Face e Rinoplastia da UNIFES. 

By Riselda Morais

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