Diante da pandemia do coronavírus, Brasilândia tem distribuição de cestas orgânicas

     A pandemia do Covid-19, o novo coronavírus, já passou da marca dos dois milhões de infectados pelo mundo. No Brasil, o epicentro da doença é a cidade de São Paulo que, por sua vez, tem o distrito da Brasilândia, na Zona Norte, com o maior número de óbitos em decorrência da doença na capital. São 54 mortes, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, no dia 17 de abril.

    Realizando ações diretas no território, a Preto Império, que tem uma longa história de atuação no distrito, se soma às centenas de ações que visam reduzir ou sanar os efeitos negativos do coronavírus nas periferias e favelas brasileiras, e na Brasilândia. 

Cestas de alimentos orgânicos estão sendo distribuídas para mais de 100 famílias que foram mapeadas pelo coletivo em parceria com as agentes comunitárias de saúde do distrito, que acompanham diretamente e rotineiramente as famílias. 

“A distribuição de alimentos mais saudáveis é estratégica e uma forma de transformar a cultura alimentar da Brasilândia. A quebrada deve ter oportunidades de se alimentar melhor, principalmente em tempos como esses”, diz Dimas Reis, cofundador da Preto Império. 

    Os alimentos orgânicos chegam por meio de uma parceria com a Pertim.org (https://www.pertim.org/), que compra os alimentos de pequenos produtores que perderam compradores diante da pandemia.  

     Para manter a distribuição das cestas, que precisam de um trabalho de logística e transporte organizado, bem como dar continuidade ao mapeamento destas famílias, a Preto Império está com uma campanha de financiamento coletivo aberta na plataforma Benfeitoria. 

Nela, a cada um R$ 1 captado, o Fundo Colaborativo Enfrente contribui com mais R$ 2, até que o valor de R$30.000 seja alcançado. A proposta é chegar a mais de 120 famílias, impactando assim, cerca de 700 pessoas. 

Mercado de trabalho

Com mais de 280 mil habitantes, a maioria negra, e 43 subdistritos, a Brasilândia tem a 5ª pior taxa de emprego formal da cidade. O bairro também tem uma tradicional efervescência cultural autônoma com artistas e mobilizadores que, há anos, amenizam os efeitos da ausência de aparelhos culturais públicos no território. 

Por isso, a maior parte da verba arrecadada consiste em um repasse de recurso para trabalhadores autônomos da cultura e da saúde. Mais de 30 trabalhadores receberão, por dois meses, um auxílio de R$ 300, o que permitirá impactar cerca de 170 pessoas. 

Uma vez que as políticas de isolamento sejam interrompidas, os trabalhadores e trabalhadoras realizarão atividades na sede da Preto Império, como forma de realimentar redes e contatos no território, amenizando os impactos da pandemia. Uma terceira cota do dinheiro arrecadado será destinada a arcar com os custos de manutenção do espaço localizado no subdistrito da Vila Teresinha que, diante do isolamento, está com as atividades interrompidas.

A Preto Império

   Depois de 10 anos como coletivo Guardiões Griô, a Preto Império surge com foco em viabilizar sonhos das populações negras e periféricas combinando geração de renda e retorno socioambiental, além de fomentar o desenvolvimento local atuando nos eixos de cultura, saúde e bem-estar, formação e comunicação.

Nestes dois últimos anos concentramos nossas forças em criar iniciativas que possibilitassem contribuir sistematicamente uma melhora do bairro e da condição de vida de seus moradores.

   Iniciamos os atendimentos no nosso Espaço Terapêutico Ìpesã, oferecendo atendimentos de cuidado e autocuidado por meio da massoterapia, buscando alinhar e mobilizar terapeutas negros e negras para e do território. Recebemos diversos parceiros para atividades culturais para diversas faixas etárias, além de agir ativamente na mobilização comunitária no bairro.

 

By Riselda Morais

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