João Octaviano Machado Neto
Maior obra de engenharia rodoviária do país, a duplicação da estrada dos Tamoios tem aspectos inovadores que merecem ser destacados: nela, utilizou-se uma infraestrutura inteligente e conectada, com diversidade modal, compartilhada e sustentável, e impulsionada por modelos disruptivos. Trata-se, ao mesmo tempo, de uma obra e rodovia carbono zero e igualmente de uma estrada inteligente. E vale frisar que ela só pôde ser viabilizada graças ao mais bem sucedido programa de concessões rodoviárias do Brasil, comandado pelo nosso governador Rodrigo Garcia.
Com investimentos de R$ 3 bilhões e geração de 3 mil empregos, a obra possui diversos destaques de engenharia, como os três túneis, um deles com extensão de 5.555 metros, o maior país. Resultado: a rodovia já está sendo utilizada pelos paulistas e por todos que fazem o trajeto São José dos Campos-litoral norte, com consideráveis elogios aos 21,5 kms de trecho novo.
Como o acesso ao litoral norte se localiza em região de serra, as obras tiveram como prioridade a preservação ambiental. Por isto, a concessionária responsável, a Tamoios, utilizou o inédito sistema austríaco do Cable Crane. Trata-se de uma espécie de teleférico movido por motores cujo guincho içava as cargas por cabo de aço por um trecho de 394 metros entre duas torres. A operação disruptiva acabou por preservar uma área equivalente a 40 campos de futebol de Mata Atlântica.
As características de economia sustentável não pararam por aí. A concessionária fez uma parceria com o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), da Univap, que já realizou o resgate de mais de 7.000 animais através das 14 passagens de fauna disponíveis na rodovia – sendo 12 subterrâneas e 2 aéreas. Além disso, o Projeto Tamoios está plantando 450 mil árvores na região das quais mais de 424 mil já estão finalizadas.
Cenário de filme
A rodovia dos Tamoios é também uma estrada inteligente, com uma moderna estrutura de operações, com equipamentos e recursos de alta tecnologia focados no conforto do usuário e ainda mais segurança viária para a região. A concessionária formou uma Brigada de Incêndios para atendimento de emergências nos novos túneis, com sistema de alto-falantes, saídas diferenciadas e dois postos da PM.
Graças a este conjunto de ações em prol da segurança viária, o percurso entre São José dos Campos e litoral norte está sendo reduzido pela metade. Antes, como a velocidade permitida era de 40 km/h em pista simples, na melhor das hipóteses, fazia-se o trajeto em 32 min. Agora, o percurso será feito em 16min, contando com a velocidade de 80 km/h e pista duplicada.
Não à toa, o sempre crítico jornal Folha de S.Paulo fez elogios às estruturas da Tamoios, descrevendo-a como um “cenário de filme”: o percurso de “800 metros entre o litoral paulista e o planalto será uma espécie de ‘jornada ao centro da terra’ [já que] a maior parte do percurso é subterrânea”, descreveu o jornal.
Não devemos esquecer também que a rodovia dos Tamoios irá formar ainda um novo corredor logístico no Vale do Paraíba, com otimização do uso do Porto de São Sebastião. Isso irá ocorrer quando a concessionária concluir outra obra, a de Contornos.
Com toda esta estrutura, pode-se dizer que a obra de duplicação da Tamoios seguiu alguns dos princípios básicos da economia circular, conceito inovador que consiste na utilização racional de recursos, compartilhamento, reutilização e restauração, e com ênfase na limitação dos volumes de resíduos urbanos.
João Octaviano Machado Neto é engenheiro e secretário estadual de Logística e Transportes de SP