Diagnóstico precoce, da causa da respiração pela boca, é importante para evitar alterações de face, fala e dentição
Entre as diversas especialidades médicas que acompanham as crianças em seus primeiros anos de vida, o otorrinolaringologista pediatra tem vital importância para o diagnóstico e tratamento de desordens que podem comprometer o desenvolvimento dos pequenos.
Uma das queixas mais atendidas por esses profissionais é a respiração pela boca, também conhecida como respiração oral.
De acordo com a otorrinolaringologista pediatra Renata Garrafa, o diagnóstico precoce do problema promove qualidade de vida, melhora o desenvolvimento da criança e evita a ocorrência de alterações que podem exigir tratamentos ortodônticos e fonoterápicos.
“Crianças com respiração oral podem apresentar alterações ortodônticas e de desenvolvimento facial. Quanto antes tratadas, menor o impacto dessas alterações. Portanto, os pais devem procurar orientação médica logo que notarem a persistência do sintoma”, explica.
Sintomas de dormir respirando pela boca
A criança que tem a respiração pela boca pode apresentar sintomas como ronco, sono agitado, flacidez da musculatura labial e da língua, lábios ressecados, respiração barulhenta e alterações de mordida e fala.
Os pais devem suspeitar ao notarem a criança dormindo com a boca aberta ou assistindo à TV (quando mais velhos) com os lábios entreabertos. Além disso, é comum que identifiquem dificuldade para comer de boca fechada e babação excessiva.
Diante de alguns desses sinais, é essencial que os pais procurem orientação médica para que o problema seja identificado e tratado.
“As principais causas de respiração oral na faixa etária pediátrica são rinite e hipertrofia de adenoide, condições tratadas pelo otorrinolaringologista”, afirma a especialista. O tratamento precoce é importante, pois a respiração oral, se não for cessada, pode gerar problemas como mordida cruzada, palato ogival (má formação do “céu da boca”), maxila hipodesenvolvida, projeção dos dentes, entre outros.
É importante que o tratamento seja realizado antes dos problemas acontecerem.
Caso demore muito e as alterações já existam, será preciso recorrer a outros tratamentos associados ao otorrino, como dentista, por exemplo.
“É possível parar de respirar pela boca, mas, às vezes, é necessário tratamento adjuvante com fonoterapia para fortalecimento de lábios e língua. Também é preciso excluir outras causas de respiração oral, como língua grande (comum em Síndrome de Down), retrognatia (anomalia da mandíbula inferior) e hipotonia de lábio e musculatura peri-oral (lábios e bochechas flácidos)”, completa.
O tratamento contra hipertrofia acentuada de adenoide – uma das causas da respiração oral – envolve procedimento cirúrgico.
Se o problema, no entanto, é causado por rinite, o tratamento costuma contemplar diferentes especialidades, principalmente a otorrinolaringologia.
Dra. Renata explica ainda que tem aumentado a procura dos pais por auxílio médico para resolver problemas relacionados à otorrinolaringologia pediátrica.
“Os principais motivos que trazem os pais e seus filhos ao consultório são respiração oral, ronco, atraso de fala, otite de repetição, rinite e amigdalite de repetição. Atualmente, acredito que os pais procuram auxílio médico mais cedo do que antigamente e isso é essencial para o tratamento dessas desordens”, conclui.