Com uso de redes sociais, um estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) mostra que a pesca recreativa do budião azul captura peixes maiores do que a pesca artesanal, o que pode ser um problema para a conservação da espécie. Esse tipo de pesca acontece com maior intensidade no litoral de Salvador e no banco de Abrolhos, na Bahia, conforme relatam os pesquisadores em artigo publicado na revista “Aquatic Conservation: Marine and Freshwate Ecosystems”.
Os pesquisadores usaram as redes sociais para monitorar os impactos da pesca recreativa do budião azul no litoral brasileiro. Ele está na lista de espécies ameaçadas de extinção e contribui para a saúde dos recifes brasileiros. Com uso de hashtags do Instagram, Facebook e YouTube, o estudo identificou 153 postagens de pesca recreativa submarina na costa brasileira no período de 2004 a 2020.
O maior número de fotos e vídeos publicados provinha da cidade de Salvador e da região de Abrolhos, com aumento da frequência de postagens nas redes sociais entre 2007 a 2017 e regressão a partir de 2018. Essa redução, averiguam os pesquisadores, pode ser efeito da repercussão do Plano Nacional de Recuperação de Espécies Ameaçadas, lançado no mesmo ano.
Em sua maioria, os animais capturados são grandes e por isso têm o maior potencial de reprodução, o que representa um risco para a espécie, já que os maiores e mais bonitos para a exibição são peixes machos.
“As redes sociais se tornaram o meio onde o pescador publica as fotos e vídeos do seu ‘peixe-troféu’, e a partir dessa divulgação conseguimos saber em que local o budião é mais pescado, o tamanho do peixe, entre outros dados”, comenta a pesquisadora e autora do estudo Natalia Roos. Ela frisa que o monitoramento nas redes sociais é uma forma eficiente de coletar informações valiosas sobre os impactos ambientais da pesca recreativa para orientar ações de conservação ambiental.
Ainda que represente uma pequena fração da realidade, como reconhecem os pesquisadores, as publicações das redes sociais podem nos ajudar a conhecer atividades exploratórias dos rios e mares no país. “Usando imagens das redes sociais e participação ativa dos pesquisadores, a gente pode entender o impacto real da pesca sobre essas espécies”, destaca o pesquisador Guilherme Longo, co-autor do estudo. As informações fornecidas pelas redes sociais sobre os locais e tamanhos de captura das espécies podem ajudar o Estado na criação de políticas públicas s para conservação destes animais.
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