Mulheres representam quase metade da população rural no Brasil

 Plantar, cultivar, colher. O trabalho na agricultura familiar tem a força da mulher em sua composição, mas estas mulheres assim como as que trabalham em outras áreas ainda precisam lutar, e muito, por espaço nas decisões e acesso a capacitação em Técnicas nesse caso, Agrícolas, Gestão da propriedade e estratégias de comercialização.

      A sobrecarga de tarefas que faz parte do cotidiano da vida das mulheres, a dupla e muitas vezes tripla jornada faz parte também da vida da mulher do campo que vive da agricultura familiar. Cuidados com os filhos, com a casa, com as plantações de hortifrutis, a criação dos animais para consumo como as aves, o gado, suínos e caprinos. Fazem parte das atividades na lavoura que vão desde o plantio, passando pelo cultivo e até na colheita, em casa, ainda processam, cozinham e servem ou vendem os alimentos.

Devido à sua estreita relação com a produção e autoconsumo, as mulheres detêm conhecimentos sobre sementes, técnicas de plantio e de armazenamento de verduras, legumes e frutos nativos. Esse saber também é parte fundamental na garantia da segurança alimentar e da saúde de suas famílias e comunidades.

   Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 15 milhões de mulheres vivem na área rural, o que representa 47,5% da população residente no campo no Brasil.

   Considerando a cor e raça das mulheres habitantes da área rural, mais de 56% delas se declaram como pardas, 35% brancas e 7% pretas. As indígenas compõem 1,1% da população rural feminina, de acordo com o IBGE.

   Entre as mais de 11 milhões de mulheres com mais de 15 anos de idade que viviam na área rural em 2015, pouco mais da metade (50,3%) eram economicamente ativas. Considerando o rendimento médio, cerca de 30% ganhavam entre meio e um salário mínimo e quase 30% não tinham rendimento.

   Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE, quase 20% dos empreendimentos rurais do país são dirigidos por mulheres. Em 2006, o percentual de mulheres rurais empreendedoras era de 12%. “É um salto significativo, mas ainda é muito pouco, quando sabemos que de 70% a 80% dos alimentos são produzidos pelas mulheres rurais, principalmente os alimentos para autoconsumo”, comenta Geise Mascarenhas, consultora da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa e uma das coordenadoras da campanha.

     A consultora destaca que, apesar da participação significativa no desenvolvimento das comunidades locais, a identidade e o trabalho exercido pelas mulheres rurais ainda não são reconhecidos pela sociedade. A falta de dados atualizados ou mais detalhados sobre o perfil e as demandas das mulheres desafia agentes responsáveis pela formulação de políticas públicas voltadas para esse público.

“A primeira campanha foi lançada com o objetivo de envolver as mulheres, exatamente para conhecê-las. Quem são as mulheres rurais, onde elas estão, o que elas fazem? As histórias são belíssimas e nos ajudaram a delinear as outras campanhas”.

    A especialista ressalta que o Brasil está avançando na coleta dessas informações. O Mapa firmou um acordo com o IBGE, que está criando um banco de dados e aprimorando o levantamento de informações agropecuárias com a perspectiva de gênero.

   Em âmbito regional, estudos da FAO mostram que a pobreza atinge o que representa quase metade ou 59 milhões das pessoas que vivem nas áreas rurais dos países da América Latina. A extrema pobreza chega a 22,5% da população rural da região. E a maioria dos pobres na área rural do continente é formada por mulheres. Com informações do MAPA.

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