Temer é réu em 10 inquéritos que investigam corrupção passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro
Riselda Morais
Na manhã desta quinta-feira (21), por volta das 11 h, o ex-presidente Michel Temer foi preso no trânsito, na Zona Oeste da capital paulista.
O mandado de prisão decretado pelo Juiz Federal da Sétima Vara Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, ordenou a prisão do emedebista no endereço residencial no Jardim Universidade, ou onde a Polícia Federal o encontrasse.
Temer foi preso em São Paulo e levado para o posto da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos, de onde será levado, em avião da PF para o Rio de Janeiro, onde Moreira Franco também foi preso.
A prisão preventiva está relacionada às obras da Usina Nuclear de Angra 3, cujo contrato fechado com o Consórcio Engevix rendeu R$ 1 milhão em propina.
Em delação José Antunes Sobrinho, dono do Consórcio, disse ter pago a propina à pedido do coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco com o conhecimento de Michel Temer.
As investigações apontaram que o dinheiro da propina foi lavado na reforma da casa de Maristela, filha de Temer, em uma reforma que custou mais de R$ 1,2 milhão.
Também foram presos na operação de hoje, Moreira Franco e João Batista Lima Filho, “operador financeiro”, amigo pessoal desde 1980, que atuou pedindo e lavando recursos para Temer.
A Operação Lava Jato desta quinta-feira, cumpriu dez mandados de prisão preventiva e temporária em São Paulo e Rio de Janeiro.
Mandados de prisão preventiva
- Michel Miguel Elias Temer Lulia;
- João Baptista Lima Filho (Coronel Lima);
- Wellington Moreira Franco;
- Maria Rita Fratezi;
- Carlos Alberto Costa;
- Carlos Alberto Costa Filho;
- Vanderlei De Natale;
- Carlos Alberto Montenegro Gallo
Prisão Temporária - Rodrigo Castro Alves Neves;
- Carlos Jorge Zimmermann
Michel Temer responde a um total de 10 inquéritos, cinco deles em primeira instância – agora que perdeu o foro privilegiado – e cinco no Supremo Tribunal Federal.
Denúncias e inquéritos:
1- Reforma de imóvel da filha
Segundo a PF a quantia de R$ 1 milhão veio de um pagamento de propina do grupo J&F, a pedido de Temer, e que o dinheiro foi entregue por dois funcionários do grupo, diretamente ao coronel Lima, na sede da Argeplan, em setembro de 2014. A arquiteta responsável pela reforma era Maria Rita Fratezzi, mulher do coronel Lima.
A prisão do Coronel Lima e sua esposa Maria Rita Fratezzi também foram decretadas.
2- Propina de R$ 1 milhão da Engevix
Contrato fechado com o Consórcio Engevix para executar às obras da Usina Nuclear de Angra 3 rendeu R$ 1 milhão em propina. Em delação José Antunes Sobrinho, dono do Consórcio, disse ter pago a propina a pedido do coronel Lima e do ex-ministro Moreira Franco com o conhecimento de Michel Temer.
3- Organização criminosa – quadrilhão do MDB
Temer é acusado de praticar os crimes de tentativa de obstrução à Justiça e de organização criminosa junto a integrantes do chamado “quadrilhão do MDB na Câmara”.
4 – Junho 2017 – Corrupção passiva – Jantar no Jaburu com a Odebrecht.
Em delação premiada, o empresário da JBS Joesley Batista revelou áudio de conversa entre ele e Michel Temer no Palácio do Jaburu.
5 – Mala de dinheiro de Rocha Loures
Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) foi flagrado recebendo uma mala contendo R$ 500 mil. Temer usou Rocha Loures para receber vantagens indevidas.
6 – Tentativa de comprar o silêncio de Eduardo Cunha
Em um encontro com Temer no Palácio do Jaburu, março de 2017, o empresário Joesley Batista, da JBS disse a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão e Temer disse-lhe para “manter isso”.
7 – Decreto dos Portos – crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Empresários denunciaram pagamentos de propina a agentes políticos, entre eles Michel Temer e o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures.
8 – Contrato irregular entre a Argeplan e a Fibria Celulose.
Justiça Federal de São Paulo analisa contratos irregulares que envolvem Temer 58 transações, entre 2010 a 2015, envolvendo R$ 17.743.218,01.
9 – Contrato fictício no Porto de Santos
O inquérito trata de suspeita de Contrato fictício de prestação de serviço no valor de R$ 375 mil no porto de Santos.
10 – Superfaturamento em contrato da Argeplan
O inquérito trata da suspeita de contratação da Argeplan/Concremat, contratadas para realizar os projetos de 36 novos Fóruns Paulistas, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, com indícios de serviços não prestados e superfaturamento em contrato avaliado em cerca de R$ 100 milhões.