A movimentação de alguns Estados em taxar tanto a produção quanto as exportações do agronegócio coloca em risco, principalmente, a sobrevivência dos pequenos agricultores. “Os governos parecem não enxergar que eles serão os mais afetados por essa medida, que pode inviabilizar o pequeno negócio, torná-lo insustentável”, defende Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp – Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo.
Para o presidente, a elevação de tributos diminuirá a rentabilidade dos pequenos produtores, tirará a capacidade de investimento no negócio e acabará com o seu poder de competitividade. “Os Estados deveriam ter outra visão do setor, e não querer penalizar quem está produzindo e gerando receita. Isso é preocupante não só para o produtor rural, mas também para toda a população, que vai acabar arcando com aumento dos preços de alimentos”, reclama Del Grande, para quem os governos sempre estão atrás de novas arrecadações, mas nunca dispostos a diminuir as despesas públicas.
A cobiça dos governos sobre o agronegócio se dá pelo tanto que o setor movimenta, responsável por boa parte do crescimento do país. Nos últimos 12 meses, até janeiro de 2019, as exportações somaram US$ 102,1 bilhões. Isso corresponde a 42,3% de tudo que o Brasil exportou no período. Em 2018, de acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, os números registrados pelo setor equivalem a aproximadamente 23% do PIB.
Porém, o presidente da Ocesp alerta que, embora o setor movimente muito, as margens são muito pequenas para os produtores. “É preciso avaliar essa decisão com cautela, analisar os seus impactos a médio e longo prazo. Não deveriam mexer no que está dando certo, mas se preocupar com o que está errado, o que deve ser melhorado. Ao desestimular o agronegócio, darão um tiro no pé”, diz Del Grande
Na sua visão, o país deveria incentivar ainda mais as exportações agrícolas. “Hoje, com política de isenção para exportações do complexo agro, conseguimos acessar os mercados internacionais, cujas agriculturas são altamente subsidiadas. Nossas exportações geram divisas que aquecem a economia interna e resultam em mais empregos e mais arrecadação para os governos”, explica Del Grande.
O presidente da Ocesp acredita que, com o aumento dos tributos para o agronegócio, uma das consequências seria a forte migração de pessoas do campo para as cidades. “Os pequenos produtores procurariam socorro nas grandes metrópoles, gerando ainda mais problemas sociais e econômicos”.