Escola de Conservação da Natureza terá nova turma em 2020

Metodologia já formou dois grupos no litoral paranaense; São João do Triunfo receberá o projeto pela primeira vez

    A Escola de Conservação da Natureza, projeto desenvolvido pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), chega à sua terceira turma em 2020. Expandindo a metodologia para outras áreas do Estado, a SPVS firmou uma parceria com a empresa JTI para viabilizar e promover a Escola de Conservação da Natureza no Campo, como uma atividade de contraturno escolar. O município de São João do Triunfo, no sudeste paranaense, será o primeiro a receber as atividades práticas do projeto, que tem como previsão atender até 50 jovens. As capacitações terão início no primeiro trimestre de 2020. O projeto atuará nos próximos meses com o desenvolvimento de indicadores e materiais, além de contatos com a prefeitura, órgãos públicos e proprietários do município para adaptação da metodologia à realidade local.

   Cerca de 330 proprietários vinculados à JTI atuam no município, muitos deles com filhos em idade escolar, que receberão o apoio da Escola como uma oportunidade de aperfeiçoamento pessoal e profissional. A cidade de 15 mil habitantes está inserida em um ecossistema associado da Mata Atlântica formado por Floresta com Araucária, uma das formações com maior riqueza de espécies do planeta, mas que hoje conta com apenas 0,8% da área original, sendo a maior parte encontrada dentro de Unidades de Conservação (UC). As principais causas da drástica redução de área do ecossistema são o desmatamento, a abertura de novas frentes agrícolas, as queimadas e o intenso processo de urbanização.

    Nesse contexto, a importância da conservação de áreas naturais; a adequação ambiental das propriedades para atender a legislação vigente; proteção de nascentes, corpos hídricos e remanescentes de áreas naturais; identificação de áreas passíveis de restauração ecológica dentro das propriedades e orientação para implantação da melhor técnica de acordo com a realidade da propriedade (controle de exóticas ou enriquecimento); mecanismos financeiros de conservação da natureza que podem beneficiar produtores rurais e boas práticas ambientais relacionadas ao saneamento básico e a destinação correta de resíduos sólidos, são alguns dos temas que serão debatidos com os alunos durante o projeto. “Nossa expectativa é de formar jovens reconectados com o território e informados sobre as relações e oportunidades entre conservação da natureza, produção agrícola e cultura local”, informa a técnica em conservação da natureza da SPVS e coordenadora do projeto, Solange Latenek. Já para o Diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI, Flavio Goulart, a iniciativa será uma oportunidade de a comunidade perceber os potenciais da região e como utilizá-los de maneira responsável. “Por ser uma atividade de contraturno, o projeto contribui também para a erradicação do trabalho infantil, pois os alunos continuam a desenvolver atividades de educação no contraturno, mantendo-se ligados à sua realidade, compreendendo-a e preservando-a. É a aprendizagem voltada à natureza”, afirma.

Conservação da natureza, educação e profissionalização

     Desenvolvido desde 2017 com o objetivo de sensibilizar, informar e instrumentalizar o público jovem em conservação da natureza, o projeto já formou duas turmas, atendendo cem moradores com idade a partir de 15 anos, inseridos na Grande Reserva Mata Atlântica – o último e maior remanescente contínuo do bioma. Além disso, o projeto mostra aos alunos que existem oportunidades de atuação e desenvolvimento profissional na região, fazendo com que eles reconheçam potencialidades e oportunidades. “Esses adolescentes passaram por oficinas e práticas em áreas naturais protegidas e com isso puderam modificar suas impressões, reconectando-se ao meio natural e às áreas de conservação”, ressalta Solange. 

    Alguns dos alunos que participaram do projeto já estudam e trabalham em atividades relacionadas à natureza. Como é o caso de Alessandra Costa Franco, que participou do projeto em 2018, ano em que concluiu o Ensino Médio na rede pública de Guaraqueçaba (PR). “Foi muito importante para mim, e acredito que para muitos outros alunos, participar da Escola de Conservação da Natureza. Principalmente porque neste período de conclusão dos estudos nós ficamos perdidos sobre o que realmente gostamos e com o que queremos trabalhar”, explica a ex-aluna. Participar do projeto foi um diferencial para que Alessandra conquistasse o trabalho na área ambiental no Porto de Paranaguá. Por influência das aulas, hoje a jovem de 17 anos que pretendia ingressar em um curso superior de Contabilidade se prepara para cursar Gestão Ambiental. “Não tenho nenhuma dúvida sobre a área em que quero atuar”, finaliza. 

By Riselda Morais

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