Fotos colorizadas por artista brasileira dão nova vida a momentos icônicos do deslocamento forçado no mundo

Refugiados

Colorista digital Marina Amaral resgata imagens dos arquivos do ACNUR para mostrar que todas as pessoas têm direito a proteção em qualquer tempo e lugar

     Imagens históricas dos arquivos do ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) em Genebra ganharam uma nova dimensão nas mãos da artista brasileira Marina Amaral, especializada em adicionar cores a fotografias em preto e branco.

    Por meio do projeto “A Cor da Fuga”, Marina coloriu digitalmente 12 imagens que mostram situações icônicas do deslocamento forçado no mundo ao longo das últimas sete décadas, no momento em que se registra um recorde global de 100 milhões de pessoas refugiadas ou deslocadas à força devido a conflitos, guerras e perseguições.

   As fotos retratam pessoas em busca de proteção internacional desde a 2ª Guerra Mundial, evento que levou a comunidade internacional a adotar a Convenção da ONU de 1951 — que estabeleceu o conceito de pessoa refugiada e se tornou o principal instrumento legal para proteção internacional desta população.

   O projeto está sendo divulgado globalmente às vésperas do Dia Mundial do Refugiado (20 de junho), cujo tema este ano é “Seja quem for, seja quando for, seja onde for: todas as pessoas têm direito a buscar proteção”.

     As fotos revelam, entre outras situações, pessoas refugiadas da Argélia na Tunísia (em 1959), ruandeses em campos de refugiados em Uganda (1964), refugiados angolanos em Botsuana (1969), vietnamitas chegando de barco na Malásia (em 1978) e crianças do Laos refugiadas na Argentina (em 1983).

“As pessoas refugiadas são, na verdade, homens, mulheres, crianças, indivíduos e seres humanos. Não são personagens congelados em uma foto. Ainda que os contextos e tempos históricos mudem, essa consciência não pode se perder. Espero que as fotos coloridas ajudem nesse entendimento e nessa humanização que pode acabar se perdendo no monocromático. Me associar ao ACNUR para contar parte dessa história é uma honra”, afirma a artista brasileira, que aos 27 anos de idade é reconhecida mundialmente por seu trabalho e já colaborou com importantes museus e publicações em diferentes países.

Novo olhar – Nas últimas sete décadas, o ACNUR tem trabalhado com países de todo o mundo para ajudar as pessoas deslocadas a encontrar proteção e reconstruir suas vidas. Ao longo deste caminho, reuniu mais de 100 mil fotografias que mostram, em diferentes momentos e lugares, o que realmente significa ser forçado a deixar tudo para trás em busca de proteção.

     Para dar um pouco mais de vida a essa história, o ACNUR se associou à artista brasileira Marina Amaral para dar ao público a oportunidade de ver o passado com um novo olhar, por meio da colorização de fotos. Considerando o poder da cor em “influenciar e mudar nossas emoções”, Marina trabalhou com uma pequena seleção de fotos que são, alternadamente, alegres, pungentes, edificantes e comoventes.

“Com números cada vez maiores de pessoas refugiadas e deslocadas internamente ao redor do mundo, é fundamental reforçar a mensagem de que todas elas têm direito à proteção e a uma oportunidade para recomeçar. As fotos colorizadas por Marina Amaral mostram que a sociedade, como um todo, deve prover proteção, segurança, solidariedade e soluções para as pessoas refugiadas, a qualquer tempo e em qualquer lugar”, afirma o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

     Vivendo atualmente em Belo Horizonte, Marina afirma que seu trabalho não é apenas colorir fotos, mas também contar histórias. “Gosto de pensar que o meu trabalho é a porta de entrada para que pessoas se aprofundem ainda mais nas histórias que escolho contar. Junto a isso, sei do poder das cores no cérebro humano: ao transformar uma foto que era preto e branco em colorida, abre-se a possibilidade de nos identificarmos e nos conectarmos verdadeiramente com o que estamos vendo retratado, porque aquilo se torna mais próximo e parecido com a nossa realidade”, afirma a artista.

    Para ela, ao colorir fotos em preto e branco, seu trabalho permite “nos colocar no lugar daquela pessoa, ou daquele contexto, e diminuir a sensação de estarmos diante de algo distante ou abstrato”. “Projetos como ‘A Cor da Fuga’ dão ainda mais força para esse sentimento, pois a história das pessoas refugiadas (que, na verdade, são muitas) não acaba quando fechamos um livro de história. Ela está acontecendo agora”, afirma a artista.

 

“Karatê Kid” — Uma das fotos colorizadas por Marina Amaral retrata um grupo de crianças refugiadas do Laos em Buenos Aires, na Argentina, em 1983. Quase 40 anos após este registro, o ACNUR conseguiu contactar Kykeo Kabsuvan, o garoto que aparece na foto fazendo uma pose de carateca. Saiba mais sobre a história de Kykeo nesta página. Ele segue vivendo na Argentina, onde constituiu família, dá aulas de caratê e se considera “mais argentino que doce de leite”.

By Riselda Morais

Jornal do Momento News impresso e digital Informando com qualidade!